segunda-feira, 9 de agosto de 2010

É bumbar bumbar!

Mais um sábado se iniciara e para mais uma festa a família estrela e suas ramificações se juntavam numa cidade quase à beira sol. Mais um dia de refeições pegadas e de muita conversa já se previa. Já batia na hora de almoço quando a minha presença se fez notar, e muitos dos normais intervenientes já se encontravam no local. O pormenor que se fez notar é a mudança do local do costume, porque o o figurino era mais do mesmo. Assim que cheguei deparei-me com o pai César de volta das carnes, é um facto que ele entende bem do assunto. Os pianos de entrecosto, e as febras de picanha já se faziam cheirar ao longe, e que bom este cheirinho. Um estranho já ali se encontrava e de pronto foi apresentado e cumprimentado, mal ele sabia do filme que estava a participar. depois de subir as escadas deparei-me com o resto da malta, tinha um feeling que a velha Júlia estava de volta do saboroso molho de tomate, e do feeling não me errei. Ora o belo do repasto estava a ser preparado, preto não sabe conviver falar nem festejar de barriga vazia. Depois entre cumprimentos, de muitos que já não via à alguma tempo e de outros que nem sequer conhecia, o ritual da festarola deu inicio. Hummmmmmm aquele belo cheirinho da boa comidinha, mas desta vez com uma variação mais brasileira, dado que nem toda a gente podia gostar da mistela da farinha de mandioca. Foi logo de principio que DJ Muamba se fez puxar dos seus galões, ligou a aparelhagem e começou a dar som às primeiras jingas do dia. O almoço estava posto, e ja estavam todos de volta da buxinha ehehehe.
Conversa para aqui e conversa para ali, os interpretes como quase sempre os mesmos, Nelson Cesar Catarina e João, os outros eram mais quase os assistentes que so tinham sido contratados para bater as palmas. A musica ouvia-se do fundo, nomes como Paulo Flores Bonga e Eduardo Paim, os reis do velho semba já se faziam ouvir na sala. O certo é que os bomboletas não saiam da mesa, só desaparecia a comida e aquele belo vinho verde, que fresquinho até estalava. Depois do fim do almoço e da respectiva aguardente velha bebida, começa a boda. A jinga do fundo quase que como empurra um preto para uma dança, e mesmo que que parado se encontrasse, aquele flow que balança na espinha não deixa ficar quieto. É aqui que Muamba que agarra na Bleza da mulher do Kwanza Norte e começam no sembão, o novo mestre da musica la da tamba, Yuri da Cunha, faz-se ouvir na frequência e no ritmo certo. Poxa, aquela velha dança muito, sempre naquele estilo de velha, aquela semba ritmada mas simples, e com a dança conservadora de outros tempos, mas nunca saindo fora de tempo, aquelas pernas parece que ficam 60anos mais novas e mexem-se sem haver amanhã. Porra pa velha, está sempre deserta para que a agarrem e comecem ali ali balança balança da jinga, lembrando os velhos tempo de camabatela, onde todo o madje que fosse na boda tinha por obrigação mostrar o muito ou pouco que sabia fazer, era quase que como um "achas que sabes dançar" de outras tarimbas.


Ter o sangue quente é ser diferente, mesmo que seja impossível de dançar é sempre passível de se sorrir.

Como diz o Léo na passada seguinte, "É bumbar bumbar, parar é conversa, não aceita mano ser kunhanga"

É para isto que existe Deus?

Para além de vergonhoso, é com custo que vos escrevo este "post". Este Deus existe?será isto um acto de fé?se estas mortes são um sacrifício para o bem de todos?
Se é esta uma parte do meu mundo, algo de muito errado se passa. Não quero nem posso ficar calado com isto. E não muito mais conseguirei dizer, tenho vergonha de partilhar um mundo assim.


PS: é uma questão de ao filme assistirem